O diabetes mellitus é um quadro que acomete grande parte da população e se caracteriza principalmente por hiperglicemia, resultado de uma secreção deficiente de insulina pelas células beta no pâncreas ou resistência periférica à ação da insulina ou ambas.
Esse quadro de hiperglicemia crônica no diabetes pode provocar consequências de extrema relevância ao paciente, estando associada a dano, disfunção e insuficiência de vários órgãos, principalmente, olhos, rins, coração e vasos sanguíneos.
As complicações relacionadas ao diabetes podem implicar na redução da expectativa de vida e elevada mortalidade. Porém, essa evolução indesejada pode ser amenizada ou parcialmente evitada por meio de diagnóstico e tratamento precoces da doença e de suas complicações.
Sua incidência vem crescendo em todo o mundo, e esse aumento contínuo está relacionado a crescente urbanização e mudanças de hábitos de vida da população, como maior ingestão calórica, aumento do consumo de alimentos processados, estilos de vida sedentários e níveis crescentes de obesidade.
O Brasil ocupa o quinto lugar na lista de países com maior número de diabéticos, após China, Índia, EUA e Paquistão.
CLASSIFICAÇÃO
A American Diabetes Association (ADA) propôs classificação do diabetes mellitus baseada na etiologia, dividindo-os nas seguintes categorias :
- Diabetes mellitus tipo 1;
- Diabetes mellitus tipo 2;
- Diabetes mellitus gestacional;
- Tipos específicos de DM devido a outras causas.
DIABETES MELITO TIPO 1
Também conhecido como diabetes insulinodependente, por ser causado por deficiência absoluta de insulina, devido à destruição autoimune ou, em casos mais raros, idiopática das células beta pancreáticas.
Uma característica marcante dos diabéticos tipo 1 é a tendência à cetose e dependência de insulinoterapia como tratamento.
Observa-se um pico de predomínio em crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos. Porém, vale ressaltar que pode ocorrer em qualquer fase da vida. A principal característica desse tipo de diabetes é sua total incapacidade de produção de insulina.
Essa deficiência , na maioria dos casos, se deve a destruição autoimune das células beta. Entende-se que o desencadeamento do processo ocorra através da agressão sofrida pelas células beta por fator ambiental em indivíduos geneticamente suscetíveis.
DIABETES MELLITUS TIPO 2
O diabetes mellitus tipo 2, diferente do tipo 1, surge, em sua maioria, após os 40 anos de idade e grande parte dos pacientes são obesos. Porém, esse perfil vem mudando ao longo dos últimos tempos, notando-se crescente incidência em indivíduos mais jovens.
A grande parte dos pacientes acometidos apresentam, concomitantemente, síndromes metabólicas, como dislipidemia, obesidade abdominal, resistência insulínica, tolerância alterada à glicose ou diabetes e hipertensão. Caracterizando assim, risco cardiovascular elevado.
Na maioria dos países, as estimativas apontam que cerca de 20% dos indivíduos com idade superior a 65 anos desenvolvam diabetes mellitus tipo 2 e, na maioria dos casos, os pacientes são assintomáticos, propiciando um diagnóstico tardio.
Com isso, favorecem o desenvolvimento das complicações decorrentes da hiperglicemia crônica, como perda da visão, insuficiência renal em estágio terminal, amputação não traumática dos membros inferiores, infarto agudo do miocárdio, acidente vascular cerebral etc.
O quadro de hiperglicemia no Diabetes mellitus tipo 2 é resultado da resistência periférica à ação insulínica nos adipócitos e, principalmente, no músculo esquelético. Assim como, da deficiência na secreção de insulina pelo pâncreas e aumento da produção hepática de glicose, que é desencadeada pela resistência insulínica no fígado.
DIABETES MELLITUS GESTACIONAL
O diabetes mellitus na gestação é considerado a principal complicação metabólica da gravidez. Ele é classificado como intolerância à glicose, de qualquer grau, diagnosticada pela primeira vez durante a gravidez, podendo ou não persistir após o parto.
Apesar de ser um quadro reversível, pode ocorrer reincidência em futuras gestações. Vale ressaltar que este quadro oferece risco de complicações obstétricas, como:
- Polidrâmnio;
- Toxemia gravídica;
- Ruptura prematura de membranas amnióticas.
A gestante acometida por esse quadro apresenta risco aumentado para, futuramente, desenvolver diabete mellitus tipo 2 , dislipidemia e hipertensão. Porém, não oferece risco de desenvolvimento de anomalias no útero que levam a malformações, isto porque, geralmente esse quadro de diabetes melito se instaura a partir da 24 semana de gestação.
Entretanto, em 30% dos casos é observado a macrosomia (quando o bebe nasce com peso superior a 4 kg), podendo predispor a traumatismos obstétricos, caso o parto seja realizado por via transvaginal.
Dentro das classificações, ainda há outros tipos específicos de diabetes mellitus, desencadeado por razões diversas, como síndromes monogênicas de diabetes, doenças que acometem o pâncreas ou situações onde o diabetes é induzido por fármacos ou produtos químicos.